Alheio por questão de ordem

Descalço no piso
Esconde o sorriso
Prende a respiração
Hoje quem vem é solidão
Pra conversar

Sozinho no canto
Escravo do pranto
Ninguém foi lhe chamar
Pra dizer “Olá…Bom dia, como está?”

Tentar não sucumbir

Não deixa o homem de bem
Pegar o Zé Ninguém
Ele quer acorrentar… pra depois sangrar
A carne mais barata do mercado

Queria uma cama mais dorme no chão
Ali não tem água só resto de pão
Queria coberta mais é papelão

Não abaixa a cabeça pros olhos do cão

Rafael Garcia / rafanigh@hotmail.com

Quase soneto da Estagiária

– Havia uma placa bem aqui. Ontem!
– Havia, já não há mais. A vaga ocupada
Foi – Mas já? – A vaga aproveitada
por outro foi – Mas como? Você nem
viu tudo que meu currículo tem.
Agora minha graduação acabada,
minha habilidade preparada
para as oportunidades que vêm.
Deixe-me mostrar o que ele tem,
em alguma vaga serei encaixada.

-Você não é a única, outros também
tentaram entrar nessa vaga, mas
escute bem: não é ser capaz
suficiente para entrar. Alguém,
esse, suas indicações ele traz.
Senão, você não vai entrar jamais.

Lucas Juliano / cotidianofantastico.wordpress.com

E ALÉM

Uma excitação incontrolável
Seguido por um carinho imensurável
Compõem a fundação
De um momento extasiado

A somatória dos elementos
Suga todo o ar de seus pulmões
Um silêncio palpável
Que desacelera o próprio tempo

E nessa sobrecarga de emoções
Uma parcela lúdica, divina
Transborda do barco de seu olho
E cai.

Enfim voltou a respirar
E se encontra sorrindo
Pois aquele momento
Sempre será infindo.

Itamar Spira / blogdoitamario.blogspot.com.br